Patuá de lembranças

Produzido na Pesca nº 11

Sentir vontade de me ouvir,
de lembrar o quanto eu era feliz,
de encontrar o que tinha perdido
ao longo do tempo o meu sorriso.
Tudo o que eu tive um dia,
deixei ser levado pelas águas da mentira.
Tudo o que hoje eu tenho
é fruto do que quis ser - uma gota de veneno.
Guardei com muito cuidado
o que queria que fosse lembrado,
entre momentos e recordações.
O que mais queria foi me tomado.
Uma carta de amor perdida
e nunca foi respondida.
Mas foi guardada pelo o tempo,
pois tinha a esperança de ainda amar sem sofrimento.
Nada foi como queria, nunca é.
Olhar-me no espelho é como viajar dentro de mim.
Uma viagem curta, pois não consigo encontrar em mim a criança,

que aprisionei por muito tempo no meu patuá de lembranças.

Lica Escama