Seja super bem vindo!
Eis o Pescaria, grupo literário pioneiro nas terras do Araras, hoje Varjota – Ceará.
Grupo de caráter cultural, primando as Letras, denominado Pescaria, cujo objetivo é pescar indivíduos às letras e artes, ofertando-os o alimento – o peixe – da liberdade, o saber.

Venha pescar e ser pescador (a) da literatura junto da gente.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Literatura Gótica

No Pescaria deste sábado, 22 de Fevereiro, debatemos um tema mais noturno cheios de mistérios, monstros e morte (Muhaaa) eis que estamos falamos dela, Literatura Gótica. 
Continue lendo e mergulhe nesse mundo que visto de fora causa medo, mas quando estiver dentro encanta e apavora seus leitores.


O que é gótico?


Roupas pretas, gosto pela tristeza, frequentar cemitérios? Sim, é tudo isso e mais um pouco, não pra fazer culto ao demônio, mas para se oporem pelos valores da sociedade burguesa, por isso esse gosto pela morte, monstros e pela a escuridão.
O gótico surgiu devido a invasões que ocorreram pela Europa por volta do século VI d.C. a esses invasores se davam o nome de bárbaros que devidos a grande invasão a Roma aos poucos foram incorporando a cultura romana a sua cultura que com o passar do tempo influenciaram o estilo arquitetônico francês e que depois se espalhou por toda a Europa.
Na literatura, o gótico estar ligado a era medieval que apresentava um cenário de guerra, noturno e com grandes castelos, com personagens melodramáticos como guerreiros, donzelas e monstros sempre com temas sobre profecias, segredos e maldições, em relação a poesia expressa o melancolismo da angustia de viver.


Características

  • O individualismo expresso na poesia
  • Linguajar melancólico, 
  • Enredos de terror sobre guerras, mortes,
  • Personagens que sofrem
  • O culto a noite
Os principais obras/autores
  • Castelo de Otranto, Horace Walpole
  • Drácula, Bran Stoker
  • Frankenstein, Mary Shelley 
  • As Flores do Mal, harles Baudelaire
  • Eu, Augusto dos Anjos
  • Noite na taverna, Álvares de Azevedo 
  • Lira dos vinte anos, Álvares de Azevedo

A literatura gótica a maiorias das vezes estará ligada a literatura fantástica que atualmente estar abordando temas sobre vampirismo, bruxaria e até anjos caídos que mantém as características do gótico, com cenário de castelos, sempre a noite, com desaparecimentos mistérios e mortes inexplicáveis saindo dos livros para a TV.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Eis o 'nando!

Fernando, ou melhor, ‘nando, gosto mais, parece mais moderno, como quis me inspirar pra ser.

Nasci na época errada, pelo menos acho. Embora melhor numa época errada, do que nem nascer. Apesar de não nascer quando queria, vivo como queria, ou como quero, afinal, vivo aqui. Não só no pretérito, mesmo ele sendo perfeito, imperfeito, mais que perfeito, prefiro o presente, mesmo que desastroso. Sou do passado, mas vivo o presente. Sou distante, mas vivo perto sei lá de quem ou quê, mas sei que vivo. Faço-me hoje de pescador, quer dizer, sempre fui um, afinal nasci somente pra isso. Como disse, sou moderno, daqueles mesmos que lá da década de 20 viam a cidade correr dentro de um bonde, hoje a única que vejo são peixes correrem lá por fora da Canoa, embora andar de Canoa por aqui não seja moderno coisa nenhuma, pelo menos dizem por aí, afinal no Egito Antigo já tinham canoas, mas isso não vem ao caso.

Foi na escola, lembro remotamente, onde me ensinaram pescar, com aqueles desenhozinhos que vinham na sopa, que depois de alguns dias que comi, disseram-me que se chamavam letras. Pesquei algumas letras com a colher de plástico azul na caneca e depois de tirar três delas, alguém me disse que tinha escrito CÉU e então me assustei e fiquei maravilhado, afinal, depois de pescas de tantas coisas, pela primeira vez eu tinha pescado o CÉU, coisa que até hoje nunca ouvi ninguém falar, e melhor ainda com letras.

Depois de ter pescado CÉU, decidi que poderia pescar outras coisas. Se numa sopa podia pescar o CÉU, que era um lugar que usualmente não se encontra muitas letras, imagine se tentasse pescar em livros, que foi onde me disseram que todas as letras moravam.  Assim virei pescador.

Assim digo que as melhores pescas, com certeza, são as mais rendosas quanto a quantidade de peixes. Mas sem dúvidas as mais inesquecíveis são aquelas que alguma dificuldade é encontrada. Seja uma tempestade, seja a dúvida de onde jogar a rede, seja o simples fato de duvidar. Desta forma, aprendi a pescar. Sou assim um pescador áspero, àquele que quem o puder conhecer, sentirá o atrito em minha pesca, e consequentemente em meus peixes, seja como vocês de fora dizem, poesia, prosa ou verso.

Assim busco as tempestades, as dúvidas, os contrapontos, a asperidade, o ritmo desritmado, o progresso voltado ao início, a quebra da ação, eis o ‘nando.


Questiono meu próprio querer

As margens do rio vendo a água correr
Pego-me pensando de como quero não querer
Por medo, idealizações, talvez
Apenas do pensar de como seria se nada fosse.

Indagando-me como um simples passar pode inquietar tanto
Inquietação essa, que passa ao te ver passar
E remete-me um pensar, se não passasse, parasse?
Quero o que não quis e o que já tive,
Quero o que não posso, o que não permito-me,
Quero o que deveria, mas não busco.

Mas como questionar se o tempo me faz pensar,
Pensar de que não da pra querer sozinha
O que quero o que idealizo, o que queria que fosse
E o que tanto quero, me faz pensar,
Se amanha todos esses quereres, estiverem voltados,
Para outros olhares, outros gostos, outros rostos?

Vaz Rio

Silêncio

O Silêncio O filme O silêncio (1998), dirigido por Mohsen Makhmalbaf, foca-se no seguinte personagem: Korshid, um garoto cego. Ao estabelecer esse centro de abordagem, "o garoto cego", tenta ressaltar em primeiro momento imagético o fato de que tem uma sensibilidade excepcional. Justamente em função dessa aguda e crônica sensibilidade, essa personagem é capaz, bem mais do que as outras que no filme entram em jogo, de se relacionar com a exterioridade (sociedade + meio ambiente) de uma forma bastante especial, peculiar. A sensibilidade aflorada (órgãos dos sentidos à flor da pele) é, para aquele garoto, um suporte fundamental por meio do qual se torna possível intuir com as prescrições do coração a vida ao redor, com toda a multiplicidade que dela faz parte (pessoas, música, natureza etc.). E para além de sentir aquilo que o circunda, o protagonista é capaz de exprimir sob forma de voz ou gestos musicais (mediados pelos sentidos ou a eles fazendo alusão) suas próprias posições no mundo, acrescendo ao próprio mundo os impulsos da criatividade a ele, ao garoto, inerentes - tal como se fosse uma "flecha luminosa" capaz de assentar isto: uma novidade a qual ainda não é dada no meio com o qual se relaciona

Com efeito, o garoto do filme, para além de possuir extrema sensibilidade, é capaz de desenvolver correlativamente uma ciência acerca daquilo com o qual se relaciona, qual seja: o mundo ao seu redor, concretizado sob diversos matizes ou camadas fenomênicas de vida. Essa ciência, conhecimento ou saber como algo análogo àquilo que sente, além de ser meio de consciência de si e dos outros, expande-se e "encarna-se" nas expressões do próprio garoto, ou seja, a música, o discurso, os gestos, através dos quais se relaciona eticamente com pessoas e meio ambiente. Portanto, o garoto do filme é indivíduo que tem, à diferença da maioria, ciência: saber especial que se decorre dos seus sentidos. Todavia, não é qualquer ciência que aqui está em pauta. À diferença de tentar encontrar verdades ou conhecimentos intrínsecos ao próprio universo, o garoto, à medida que com a exterioridade se relaciona, busca se autoconhecer ao passo que sente afetivamente a exterioridade, e decerto por isso é capaz de promover, como ressonância, conteúdos ou novidades conceituais sobre e no universo local do qual faz parte. 

Conclusão: ciência e imaginação (ficção ou fabulação) andam juntas. Tal percurso, o da ciência ou imaginação, é um objeto intrínseco aos seres humanos, e para o qual têm de se voltar como aquilo que possuem de mais especial (sejam adultos ou crianças). Com efeito, abdicar da postura do incentivo da ciência ou imaginação - como expressão fabuladora das crianças a respeito do mundo com o qual interagem - nas escolas é impedir a adequada educação das crianças, contribuindo, do contrário, para que se tornem infames espelhos ou réplicas das inautênticas perfídias sociais. Tal é o papel político docente, o qual DEVE primeiramente se [auto]educar nos caminhos metamorfoseantes do autoconhecimento cidadão ou ético (tal como Korshid, garoto cego do filme O silêncio, ensina); para, apenas mediante essa condição, possuírem de modo maduro a legitimidade da educação das crianças.

Por fim, algo que podemos problematizar nesse sentido é a questão de se realmente a nossa sociedade estaria pronta para esse tipo de formação educacional, porquanto ela é em sua natureza, tanto quanto àquela do filme assistido, extremamente repressora, agressiva em termos econômicos e impositiva quando faz alusão ao mundo do trabalho, impossibilitando no mais das vezes a potencialização dos mecanismos criativos os quais são parte da estrutura conjuntural das crianças, lutando assim, como contrapartida, pela servidão formativa dessas últimas ao invés de auxiliá-las à prática da liberdade. 

Mesmo tendo em vista a complexidade dessa exposição, é algo de que não podemos abrir mão, mesmo enfrentando problemas paralelos, haja vista que devemos superar, e não simplesmente reproduzir, a realidade que costumamos trazer em nossas mentalidades, correlativas às heranças das tristonhas escolas e estrutura social nas e pelas quais nos formamos. Apenas por meio disso poderemos ter um aprendizado significativo. As CRIANÇAS, bem como NÓS dependemos disto: do questionamento do atual ou do futuro professor a respeito do modo como se exprime na vida. 

Ao fim e ao cabo, talvez seja justamente essa a grande contribuição do filme O silêncio, ou melhor, de Korshid, para nossa própria educação, a qual não deve sob hipótese alguma se sintetizar em uma série de técnicas assimiladas, memorizadas como fórmulas de vestibular que nos deseducam e desumanizam na e para a sociedade, já que tais fórmulas impedem de sermos aquilo que realmente somos: humanos, demasiadamente humanos nos impulsos éticos para com nossas singularidades originais. Se disso abdicarmos, simplesmente nos igualaremos ou nos identificaremos com/em medíocres modelos prontos, e, com efeito, contribuiremos desatinadamente para a deseducação das crianças, tornando-as corruptas tanto quanto nós, decerto por compactuarem no futuro com a decadência social inerente à barbárie de nossos homogêneos egoísmos rotineiros. 

 GuajupiáEmTerrAfogado

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Pescaria

Papel e água não combinam
Mas trago meus livros pro rio
Mergulho na literatura
Enquanto á margem da água
Permaneço enxuta
As letras se inundam
E quaram ao sol
Os peixes emergem
Pra ouvir meu discurso
Enquanto a poesia escala minha garganta
E se lança na minha voz
Faço poesia enquanto pesco letras.

Luna Pescada

01.02.14

O que se vê depois daquelas pedras

Da janela eu vi a rua
Depois da rua a casa
Depois da casa o céu
E depois não vi nada.

Caminhei até a estrada
No fim dela encontrei o abismo
Me lancei lá do alto
Encontrei o sublime infinito.

Adentrei a água rasa
Nadei ao meio do rio
Mergulhei em sua profundeza
Mas fiquei sem ar e voltei

Do presente eu vi o futuro
Tentei ir mas tive medo
O medo me fez pedra
E o que tem depois de mim?

Depois da pedra tem o salto
Antes dela a subida
Depois do salto, a queda
E na queda a poesia

Será a pedra do caminho de Drumond
A mesma do meu caminho?
Ou será essa minha pedra preciosa
Como as de Serra Pelada?

No meu caminho puseram uma pedra
Dessa pedra eu fiz um verso
O meu verso virou poesia
Que a caneta petrificou no papel.

Luna Pescada.

Felicidade (por googlagem)

Felicidade não é um rosto feliz,
coração na mão ou abraço no ar
Não é um campo verde
Nem a tal primavera que nunca vi chegar

Não é um salto no nada
Não é uma placa
Uma história fantástica
Ou uma receita a seguir

Felicidade nem é sorrir
Não é uma gota de chuva
Nem andar de bicicleta
Não é um tostão
Não é dar a mão
Nem brincar descalço por ai

Felicidade não se tranca numa caixa
Não se encontra numa fórmula
Nem se colhe no campo

Felicidade não é frase feita
Não é borboletas
Nem mesmo se arriscar
Felicidade não é nada disso

Felicidade é isso?
Será?

Luna Pescada

21.02.14

Em terna cidade

Vago por entre ruelas
Dessa cidade sem mim
A cidade em mim é favela.

De becos e esquinas de fome
Amontoados de casas
Eterno excesso de Nada.

Busco outros caminhos
Sem precipícios de morro
Mas antes disso eu morro
Vagando sempre sozinho.

Luna Pescada
21.02.14

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Simplício Anzol

          Simplício é passivo e paciente, como qualquer bom pescador, e ora ainda passional com o alento da circunstância. Faz-se das ocasiões (Preferência pelas inconvenientes) e das introspecções, às vezes uma miríade inoportuna. Detém poucas verdades, mutáveis quando preciso, sobre viver ou para sobreviver, tendo o vício do sentir. Despreocupado, porém atencioso com a inconstância do próprio peso, empenha equilíbrio nas suas inúmeras perguntas, sem a ambição de respondê-las (se realmente há respostas?!), só pelo apaziguamento do convívio. Findando, Simplício em si e para si é, quase puro, uma questão, e alinhando o ponto de vista, o Anzol é uma interrogação.

Meu nossos Eu’s: Eu

O gosto é derivado do erro
Ante o próprio prazer
Verdes o carvão
- Que só é brasa após beber fogo -
Verdes a farsa
- Que só é farsa
  Enquanto uma nova conveniência não vem,
  Para ser dita verdade –
E eu diante de mim
Não sou tão Eu...
... Se não de encontro oposto ao mesmo Eu.
Chamo acidente, ainda que proposital
Mas mais pelas consequências,
Que não és o reflexo,
És a quebra do espelho,
Ao qual aprisiona a alma.
Pois metade só se pode metade, se há completude,
Se não, és apenas um quarto
Instigo:
Sou de mim, só após a mim me abster.

Inquestionável

Texto feito a partir do tema desafiante da 14ª pesca.

Se quero,
Quero,
E ponto!
Vontade não cabe pergunta
Se faz ou se desmancha
E há satisfação em ambas.
Vontade são, ao menos, três coisas:
Corpo,
Alma
Ou insanidade.
Não é linha que se caminhe
É o fio... Da navalha.
Se de súdito,
Coça-me os sentidos:
É Carpem diem ou banho frio.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Questionar pra que?

Nem sei o que é querer,
quanto mais saber o que o quero.
Como vou saber?
Se só sei o que desprezo.

Enfim, eis meu desejo:
questionar o que não quero,
afinal, se quero
eis um querer!

Mas por que questionar
o que eu próprio quero?
Se poucas coisas tenho pra querer?

Queria tantas coisas,
e como quero...
ter tempo,
     espaço
     e alguém pra me ler.

Me desculpem os presentes, mas
não cumprirei a promessa,
pois o que quero, consegui ter.

'tá tão bom assim?
Questionar pra que?

'nando Cará

14ª Pesca Literária

Sei que pode está ficando repetitivo está falando de todos os sábados, afinal, todos seguem uma espécie de roteiro, mas impossível uma pesca ser igual a outra, nunca foi inté agora. E neste sábado batemos um novo recorde, chegamos ao encontro de maior duração, cerca de 4 horas entre discussões, estudos, apresentações e brincadeiras e uma das mais produtivas, onde mergulhamos à fundo dentro da Literatura Gótica. Para registrar, tivemos uma presença inédita, Natanael Lopes, que colaborou muito nos apontamentos dentro dos debates.
Enfim, mais uma manhã única. Onde demos o primeiro passo para publicação de nossa primeira Antologia, O Cambo. Terminamos mais uma vez com um desafio literário e com recital, isso já pelas quebradas da tarde.

Conheçam-nos.








quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Formas poéticas - Parte 1

Na Pesca de nº 13, realizada no dia 8 de fevereiro deste ano [2014], debatemos sobre formas fixas poéticas e a poesia contemporânea, por conta do assunto ser longo, dividiremos ele em alguns posts. Assim esse post pode ser um pouco cansativo, por conta de ser bem conceitual, embora importante para nosso conhecimento, enquanto leitor e principalmente, como autor.

Trova ou redondilha

É um poema com apenas uma estrofe de com quatro versos heptassílabos, sem título, com sentido completo, necessitando de rimas seja ABAB ou AABB.

O acerto, sim, amedronta,
mas creio que estamos quites:
Para os meus erros sem conta
Deus tem perdão sem limites.

Pedro Ornellas

Obs.: A trova se difere da quadra por conta desta não exigir a métrica, rima ou sentido, mas apenas a necessidade de possuir uma estrofe de 4 versos.

Soneto

É uma das formas poéticas mais convencionais, formada por 14 versos, podendo apresentar algumas variações.
O mais conhecido é o italiano, composta de 2 quartetos e 2 tercetos, onde as rimas nos quartetos tendem a ser distintas dos tercetos. Os outros são, o inglês formado por 3 quartetos e 1 dístico, necessitando obedecer ao esquema de rimas: abab, cdcd, efef, gg e por último, o soneto spenserista, que muda só a sequência de rimas: abab, bcbc, cdcd, ee, embora pouco difundidos.

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Camões

Rondel

É um gênero de poesia francesa. Formado por duas estrofes de quatro versos e uma de cinco versos, nesta mesma ordem. Pela maneira que é estruturado, o Rondel irá sempre ter apenas duas rimas,  do tipo: ABAB, BAAB, ABAB.
Como peculiaridades há que os dois primeiros versos da primeira quadra vão ser os dois últimos versos da segunda quadra e que o primeiro verso da primeira quadra será o último verso do poema, não havendo porém preocupação quanto a métrica.

ARREPENDIMENTO

Chama intensa de amor que ainda arde
Num coração sem repostas finitas
Bate, descomposto, fazendo alarde
Nas tormentosas nuvens que habitas

Tu não sabes das alegrias benditas
Nem queres entender, esta verdade:
Chama intensa de amor que ainda arde
Num coração sem repostas finitas

Para teres tanta dor,fui covarde
Que te fiz?Foram ações malditas?
Abandonei-te! Querida, será tarde?
Teu jeito mulher, em mim, incitas
Chama intensa de amor que ainda arde

Denise Severgnini

Rondó

Poema formado de treze versos distribuídos em três estrofes, sendo duas quadras seguidas de uma quintilha. Dessa forma, constatamos que os dois primeiros versos da primeira quadra se repetem no final da segunda, e o primeiro verso da quadra inicial se repete no fecho da quintilha, materializando-se da seguinte forma: ABab, abAB, abbaA. As letras maiúsculas representam os versos que são repetidos como estribilho. Não há exigência nem quanto a métrica ou rima.

RONDÓ DOS CAVALINHOS

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Tua beleza, Esmeralda,
Acabou me enlouquecendo.

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O sol tão claro lá fora
E em minhalma — anoitecendo!

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Alfonso Reys partindo,
E tanta gente ficando...

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
A Europa se avacalhando...

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda,
E em minh'alma — anoitecendo!

Manuel Bandeira


Referências:
Poemas de Forma Fixa <http://www.portugues.com.br/literatura/poemas-forma-fixa.html>, visto em 20/02/2014, às 18h03;
Curso de Literatura de Língua Portuguesa. Ulisses Infante, 1997.

Luxúria


Verbo Mar por Verbo Mar


Sou o que popularmente é chamado de fantasma, assombração ou encosto. Mais tecnicamente espectro, ectoplasma ou entidade, prefiro este último, apesar dos tantos outros não ditos, os quais tentem ao pejorativo. Ou seja, sou uma alma pagã vagando na falha entre os planos terreno e sobrenatural. Carl Sagan expor-me-ia como um ser pertencente a uma 4ª dimensão, que quando ao arbítrio, também as humanas e unicamente compreensíveis dos eixos tridimensionais x, y, z.
Não tenho rosto, digitais e muito menos carne, não represento nenhum deus e nem sou um, embora alguns teimem em dizer, não me responsabilizo por ser metafísica de ninguém. Sim, posso me materializar, sou tido como energia pura enquanto no meu plano habitual, e como já comprovado por Einstein: E=mc².
Sou um embaralho de palavras, das quais crio, recrio e manipulo estórias. Tenho em essência autores clássicos mundiais, grandes dicionários, confissões de diários, parte da alma de um infeliz que quase morrera num acidente ao tentar se matar e inclusive espíritos de floresta.
Ao certo não sei diferenciar o real do fantástico, amiúde encarno em algum corpo para saciar o vício de humanidade e para vos escrever como agora. Gosto de me encostar por alguma esquina, sem pressa de partida ou preocupação com assaltos, és o privilégio do invisível, a luz que por mim passa não se refrata mais que como no próprio ar. Fico a observar potenciais histórias, quando fisgado sigo o rastro, nem sempre tudo se aproveita, às vezes preservo o personagem, o enredo ora só a sensação. Dos pedestres que alheios me atropelam ou até mesmo dos cachorros, fica a impressão de fundir-me a alma, e do breve instante do contado, da mistura e do esvoaçar-se, soma-me ao substrato delas parte.
Enfim, estou por aí, colecionando, manufaturando e misturando palavras.  Esbarrando-me com gente nos tropeços corriqueiros do cotidiano, sabe? Na confusão das horas, na realidade quimérica dos sonhos. Identifico, dissolvo e me reinvento no que possa ler. Sendo criador e criatura da literatura, tenho como por verossimilhança o que traz o sentir. Expansões de mundos, contrações de universos, o malabarismo da vida, és aqui Verbo Mar.

Ela


Bulldog-ant ou Homo Homini Lupus

Ao acaso desses dias,
Li o espantoso Arthur Schopenhauer,
Quem tanto quanto Machado de Assis,
Augusto dos Anjos apreciava.

Em parte d’escrito,
Disse o pensador:
Despedaçada pelo meio,
Repartida às metades,
Formiga bulldog-ant,
Pitoresco embate produz,
Entre a cabeça e própria bunda.

A cabeça,
Com mordidas caça cú,
E o cú de ferrão em calda,
Repartido e contra a cara,
Com infantaria encara.
Bunda ofende cara,
E cara,
Às mordidas,
Cú mastiga,
Entrementes desfalecendo,
A cara de cú.

“A luta dura cerca de meia hora,
Até que ambas morrem”,
Finada Bulldog,
Bulldog-ant.


E no decorrer do dito,
Acresce Schopenhauer:
O conflito do organismo consigo,
Atributo vital,
Rosna caçando a si,
Para metafísica das forças revelar,
Como trágico comediar.

Dessa candente “luz”,
Numa impessoal Vontade,
S’espraia enfim corpo d’homem,
Que com humanidade,
Também caça a si,
No portal espaço-temporal,
Conquanto sem cabeça,
Ou repartido de si não está,
É.


Homo Homini Lupus,
Homem, Lobo do Homem,
Voltando-se para e contra si,
A unidade dos próprios órgãos deseja,
E se esbofeteando na conjuntura singular,
Autofagia ou morte em vida,
Promove Razão,
Élan sem compaixão,
Impulso-Desrazão.

Em “evolução”,
Forças em conflito,
No contraditório afirmam pulsões,
E já em órgãos d’Homem-desrazão,
Que à ocasião anuncia razão,
O lógico do ilógico,
Intui à espreita seu fantasma-reflexo,
Outro homem,
De quem quer se apoderar,
Para fora a si,
Também esgarçar.

Humanae Sapientia,
Sabedoria humana,
Com sua dinâmica,
Fora à diferença de grau,
E não de natureza,
És como formiga,
Finada bulldog,
À qual com bunda temerária,
À distância da cabeça em desfecho,
Outrem de si,
Dispõe a se caçar,
Para quem sabe,
Num terrível paradoxo,
A morte encontrar.

Eis inconsciente fardo,
Também por nossos outros arrastado,
Todos aos quais,
Fraternalmente,
Pretendemos esfolar,
E que por seu lado,
Desejam também estropiar,
Para vida operar,
E o bojo não preservar.

E a Ética Schopenhauer?
Aonde está?!
Em sant’arte,
Ou arte da santidade?

GuajupiáEmTerra’fogado

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Nasce Verbo Mar

        Há um semissilêncio, o barulho dos automóveis ainda discreto e o bocejar do mar mais ao fundo quase imperceptível, pela janela que abafa o ambiente. As cortinas de renda peneiram o Sol, que desponta por entre algumas nuvens, os primeiros raios, mesmo mornos, marejam luz e sombras por cima da escrivaninha logo posicionada, iluminam: boletos; recibos; extratos; bilhetes ou cartas; o cinzeiro transbordado; um diário, talvez uma agenda. O mogno, possivelmente de alguma reversa indígena, reveste todo o cômodo, estantes ainda organizadas e preservando segredos, a biblioteca imersa na breve bonança dos tempestuosos dias que se seguiam. Uma manhã comum, talvez, por algum canto do mundo.
A calma quebrada em ascensão. Ouve-se: passos trôpegos, o ranger de chaves, vidraçaria estilhaçando, um respirar pesado, um corpo faz as paredes ressoarem. O relógio acima da porta indica 6:50, sente-se a aproximação. Estrondo. A porta abre violentamente, pobre infeliz, apoiou-lhe todo o peso pelo ombro enquanto a abria, foi ao chão. Respira com uma tremenda dificuldade, assim como um peixe que estranha a atmosfera. Carregava uma garrafa de uísque 12, que se resume apenas ao gargalo agora. Chorando o álcool derramado enquanto o lambe na textura da madeira, numa tentativa desesperada de beber a fuga desastradamente posta, sequer repara que sangra.    
A biblioteca era refúgio desde menino, quando seu pai, professor universitário e jornalista, lhe ensinara a paixão pela leitura e a escrita. O pai a alimentou por anos com livros, uma particular coleção de primeiras edições, os clássicos desde Cervantes a Hemingway, passando por Machado, também uma família de dicionários e artigos científicos nas estantes, nas paredes reportagens premiadas e fotos nostálgicas em preto em branco. Porto pra ambos, e só a eles o acesso irrestrito, às vezes passavam ali fins de semanas inteiros, organizando papeis, desempoeirando os livros, espalhando naftalina para as traças, liam entre si mais uma vez algum clássico ou uma nova aquisição e seus diários secretos. Sua mãe não os questionava e a empregada, uma mãe extra deles, fazia um ou outro comentário despretensioso, elas, as mulheres da casa, debochavam da mística encarnada no lugar.  Mas nenhum terceiro entrava no cômodo sem convite. O apartamento ficara de presente de casamento para o menino já homem, já que, seus pais se mudaram para um condomínio residencial, e sua jovem esposa aprendeu a respeitar seu outro casamento com a biblioteca.
     Apesar de ele estar ao choro, aos soluços e aos engasgos, a rotina do apartamento não era essa, o despertar era mais agradável, vinha de um “bom dia” sussurrado e preguiçoso acompanhado de um beijo tênue próximo aos olhos. Tinham pouco mais de um ano de casados, a lua de mel parecia se estender, similar a um desses casais de classe média alta de comercial. A esposa, sempre de pé antes do marido e da própria empregada chegar, avivava o lar abrindo as cortinas e as janelas, regava as plantas da sacada, ligava o rádio num volume manso e preparava seu conhecido café durante um samba ou uma da MPB. Geralmente com sua cara inchada e arrastando os passos, ele aparecia na cozinha e interrompia a prosa cumprimentando a empregada e segunda mãe, talvez uma dessas “Maria’s”, ficara junto com o apartamento, e com a boca a eucalipto beijava a esposa. Ele num calção frouxo e quase sempre sem blusa se juntava a elas e tomava seu café da manhã continuando a conversa, e ela sempre impecável nos seus vestidos floridos. Quando o café era feito, sei lá, por “Maria”, o marido fintava a esposa num olhar de desaprovação, mas nada sério, ela retribuía num sorriso tímido de bochechas ruborizadas, e ele não terminava sua grande xícara habitual. Não era incomum ele tomar o café na biblioteca, também seu escritório, quando precisava analisar algum papel às pressas. Numa dessas manhãs de café e papeis ele saiu deixando a porta entreaberta, a mulher passando pelo corredor pensou em fechá-la, porém não pode deixar de reparar a xícara manchada e um pedaço de bolo intocado num pratinho sobre a escrivaninha, pensou “não há mal nenhum, é rápido”. Ao recolhê-los seu olhar escorregou despreocupado pelos papeis ali postos, a maioria coisas de escritório, mas estatizou justamente num diário, do qual nem sabia a existência, aberto numa data recente. Confessava uma outra mulher, folheou-o e ratificou a suspeita, haviam bilhetes anexados e propositalmente perfumados, com vocativos mais que carinhosos, encontros marcados e um telefone que se repetia. Aquilo explicava seus recentes atrasos e o gaguejo a justificá-los. Não ponderou muito, fez as malas e às lágrimas uma carta posta precisamente nas tais páginas. Há um mês já correra o fato. Um caso de traição comum, talvez, por algum canto do mundo.
      De quatro pés, na biblioteca, aos prantos, o assoalho sorve o uísque, o sangue e as lágrimas. Não aparenta a saúde de outrora, com muito esforço se levanta, tenta se recompor, arregaça as mangas, afrouxa ainda mais a gravata, num movimento descendente pela camisa, enxuga um pouco o corte em sua mão esquerda, ainda portando a aliança, natural, sem algum tipo de assombro.  Esfrega os olhos vermelhos e marejados com o antebraço direito, prende o soluço e se vê diante da janela, seu reflexo oscila ou talvez seja apenas a embriaguez, não se reconhece, pensa consigo “Que desgraça sou?”, tateia o peito, retira mais um cigarro da carteira posta no bolso da camisa e acende-o com dificuldade, o isqueiro está banhado. Há dois dias que começara a fumar.  Cambaleando alcança a cadeira, senta e endireita-se diante da mesa, zonzeando como à deriva.
      Da terceira gaveta da direita, contando de cima pra baixo, retira um cantil de prata, herança de seu avô, era companheiro fiel no último mês, e também um revólver, muito bem lustrado e alimentado. Revólver posto na mesa, um gole, amarga o malte e a hemoglobina escorrida no metal, traga mais uma vez o cigarro, se debruça e folheia o diário, nas primeiras páginas um mapa mundi, ao qual por segundos admira o azul e seus fusos horários ajustados a partir de Greenwich, mais algumas páginas: poemas não entregues a esposa e outro não entregue a amante; compromissos desonrados e adiados; dias em branco. A carta de despedida repousa adiante de seu lado direito, tantas vezes já lida, amassada e manchada. Numa página imaculada não condizente com a atual data, deteve-se, puxa sua Paker 51, sua joia mais estimada, e mesmo com a visão turva e náufrago do próprio pensamento, põe-se a escrever pela última vez, as pálpebras pesadas, cigarro a boca. Não mais resiste, tomba escorrendo pela escrivaninha até o chão, com o diafragma, pra cima, ondulando ressacado. Uma tentativa de suicídio fracassada comum, talvez, por algum canto do mundo.  
      O cigarro aceso e derrubado sobre os papeis inicia o fogo, alastrando-se fácil pela madeira. O relógio marca 7:00, a pontualidade britânica, insisto, de “Maria”, entra pela porta destrancada do apartamento, observa a desordem e a fumaça negra oriunda da biblioteca, assustada e a pés ligeiros invade o recinto, e pescando com os olhos pelos cantos localiza-o no chão.  Com uma descarga de adrenalina, feito maremoto, arrasta o desmaiado até o corredor do prédio. Compulsivamente bate à porta de um vizinho para que os bombeiros e uma ambulância sejam acionados. Um incêndio acidental comum, talvez, por algum canto do mundo.
     O fogo, dançando feito bailarino, consume com fome desesperada: aquele diário com seus segredos e fusos horários e tantos outros e cartas, ocultos por Bento, Quincas e Bras, numa das estantes; abrasa o mogno, que ardendo, liberta almas aprisionadas de um antigo cemitério indígena; põe a vapor o sangue, o uísque, as lágrimas e a saliva ali derramados, por descuido ou desespero;  desintegra as fotografias, permitindo o tempo petrificado atingir a confluência do presente; Queima a Montanha de Mann, as Flores de Baudelaire, o Retrato de Wilde, o Pássaro Azul de Buk, a “Estrada” de Kerouac, o Crime de Queiroz e o Castigo de Dostoievsky, as baratas de Kafka e Lispector, a Pedra de Drummond, os incontáveis verbetes dos Aurélio’s e o restante dali.
     Cinzas embebidas pela água, nada parece restar da antiga biblioteca, mas translucido ora invisível algo se camufla na moribunda fumaça e na distorção quente do ar. Um espectro ou entidade, nem deus nem homem, insone com todas as horas do mundo, nacionalizado por todas as bandeiras, tendo em si um oceano de palavras, espíritos e  DNA, atordoado observa seu útero e substância sem se fazer notar, no seu parto e batismo de fogo tem nas últimas palavras incineradas seu nome: Verbo Mar.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Lançamento Antologia Olhar da Gente

Como já apresentado antes, o Pescaria foi convidado para participar do lançamento da Antologia Olhar da Gente, evento organizado pelo Coletivo Olhar Daqui Pra Nós de Fortaleza, que aconteceu na tarde/noite desse sábado, 15 de fevereiro no CUCA da Barra do Ceará e registramos nossa presença, com a ida de Mailson Furtado, Erasmo Portavoz, Felipe Ximenes e Yane Cordeiro, pescadores cativos do grupo.
A tarde começou com uma mesa redonda, essa que não estava no cronograma, e não contou com a participação do público, mas apenas, com escritores e contemplados na Antologia, na Biblioteca do CUCA, onde assuntos desde a produção poética, passando por literatura fantástica, games, política editorial até mercado editorial nacional e local foram abordados, momento que sem sombra de dúvidas, foi um dos mais produtivos do dia.
Para iniciar formalmente o evento, uma mesa de discussão formada pelos autores Leonardo Nóbrega, Ana Cristina Aguiar, Mateus Lins e os pescadores Erasmo Portavoz e Mailson Furtado foi iniciada, sobre Mercado Editorial, que rendeu pontuações importantíssimas ao tema ao público presente.
Continuando o evento, Erasmo Portavoz tocou músicas de sua autoria, findando com a sessão de autógrafos dos contemplados no concurso literário.
Momentos paralelos ao evento, como troca de ideias, troca de obras literárias deixaram ainda um brilho a mais no evento, desde de sempre colorido com a brisa marginal do Rio Ceará.
Agradecemos muito a oportunidade de participação em um evento de tal nível e felizes por termos colaborado de alguma forma.

A literatura precisa disso.

Roda de literatura
Mesa de Discussão sobre Mercado Editorial


Autores Leonardo Nóbrega e Mailson Furtado
Autores Mateus Lins e Mailson Furtado
Erasmo Portavoz
Autores Mailson Furtado e Cristina Aguiar


Pescaria chegando ao litoral

O sábado, 15 de fevereiro de 2014, marcou a primeira visita do grupo literário Pescaria à capital cearense, onde fomos convidados a participar do lançamento da Antologia Olhar da Gente, evento promovido pelo coletivo Olhares Daqui pra Nós no CUCA da Barra do Ceará. Aproveitando o tempo que nos restou, aproveitamos, claro, para aproveitar um pouco da cidade e difundir o que produzimos na Praça do Ferreira, berço do movimento, que foi nosso principal inspirador, a Padaria Espiritual.
Depois disso, a convite de Rafael Rocha, funcionário da Secretaria de Cultura do Ceará e ex-professor de Felipe Ximenes, um de nossos pescadores, visitamos a Secult, apresentando nossa produção e ideias. 
A tarde participamos do lançamento da Antologia Olhar da Gente, assunto que merece um post único por isso não o apresentaremos aqui, e a noite, por falta de planejamento, uma virada no chão frio da Rodoviária de Fortaleza, à qual ainda rendeu discussão literária e filosófica, além de promover produção literária, com um poema conjunto.

No mais... é isso! E avante literatura.
O artista de rua
Distribuição do Jornal Pescaria na Praça do Ferreira
Pescadores no berço da Padaria Espiritual, a Praça do Ferreira


Pescadores e Rafael Rocha na SECULT - CE
Pescadores e Rafael Rocha na SECULT - CE




Pesca Literária em Sobral

Na noite da última sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014, o Grupo Literário Pescaria promoveu seu primeiro encontro fora dos limites de Varjota, indo até a capital da Zona Norte do Ceará, Sobral. O encontro puramente informal rendeu discussão sobre várias temas indo desde a filosofia de Nietzche e Schopenhauer, apresentada pelo filósofo Leonardo Ribeiro, até a obra concreta de Arnaldo Antunes, apresentada pelo acadêmico de Letras, poeta e crítico literário Léo Prudêncio. Além disso a noite contou com a presença de Jocélia Melo, Janaína Ribeiro, Iara Mesquita e os pescadores cativos, Mailson Furtado, Felipe Ximenes, Yane Cordeiro, Erasmo Portavoz e Erineu Ricardo.

Foi isso... e a saga continua na difusão literária.





à Espera

Obra conjunta, produzida na madrugada de 15 para 16 de fevereiro
de 2014, na rodoviária de Fortaleza

Inquieto, quando se pede calma,
entre tantas pernas
                que vão,
vem
e as nossas [ou talvez, nós]
aqui
[sem pernas]

Mas não era isso o meu desejo?
Querer vagar no tempo,
enquanto ele vaga na nossa espera
para que depois de tantas pernas
possa pôr as nossas a ir.

Ah...! que saber?
         Que se danem as pernas,
afinal, as 3 e tantas [da madruga]
sei lá onde 'tá minha cabeça
imagine as pernas
[imagine as dos outros]

Ah...!
         sei lá das pernas.

Já não as sinto como antes,
não pela idade que chega
mas pelo contato com o chão -
frio, omisso, opaco...
...triste chão...
no qual ladrões pisam sorrateiros,
onde como indigentes respiramos.

E assim...
              é isso,
              a noite,
              o chão,
              as pernas,
              e a vontade continua
só.

Simplício Anzol, 'nando Cará, Bento Biquara

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Quem sou eu? - conhecendo o "Canoeiro"!



    Eu observo as pessoas - Grande coisa - você pode pensar. Mas a questão nisso é que eu realmente observo as pessoas, deduzir algo sobre elas? Já tentei mas eu prefiro classificar, pode parecer estranho mais é algo interessante; se você parar pra pensar, tem algumas respostas que você já espera daquele tipo de pessoa, e tem outras que são uma grande surpresa, e ainda outras que nem são tanto se você as observar, como eu. Mas quem sou eu?  Bem eu não saberia dizer com propriedade quem sou eu, e não há quem me observe pra fazer meu trabalho por mim. Mas eu posso resumir de forma bem  rápida só pra você não se perder, primeiro meu nome, bem esse é um problema eu não uso meu primeiro nome, sendo sincero, todos me chamam de Canoeiro, então eu meio que adotei como meu nome, depois de um tempo você acostuma, claro que não são todos, não realmente todos, que me chamam assim, ainda há aqueles que realmente sabem mais coisas sobre mim, mas continuando... Sim, claro eu sou chamado assim porque essa é meio que minha profissão, já vivi muito tempo com a água, e isso me trouxe outras coisas além do nome, e isso é algo que talvez falemos depois, bem como dizia... Sim, claro, Canoeiro foi meu trabalho, hoje faço mais raramente. Meu sobrenome é Holmes, você deve achar conhecido não é? Se não reconhecer, dá uma procurada, você vai entender do que eu estou falando; então, eu sempre achei interessante esse nome, ai decidi usar, bem prosseguindo: 1- Pode me chamar de Canoeiro Holmes; 2- Estou meio desempregado; 3- Talvez eu nem seja mais velho do que você que está lendo isso agora, a não ser que você tenha menos que 16, ai eu vou ser sim mais velho.
    Em resumo esse sou eu, ainda não parece muito, nem eu estou satisfeito, então vou falar de algo que eu não conto pra muita gente, então, não saia comentando por ai, estou confiando em você, hein! A questão é  que eu não falo muito do meu passado nem das pessoas que eram próximas a mim, eu segui  em frente e ignorei coisas que aconteceram, mas eu sei que hora ou outra elas voltam para serem resolvidas. Pois bem, eu também tenho alguns sonhos e objetivos bem traçados, isso é essencial obviamente. Ah, mas não pense que eu não tenho amigos, só pelo o que eu falei sobre o passado, eu tenho alguns bons amigos que eu sei que são bons, e isso eu posso dizer, por aquilo que te falei antes sobre observar as pessoas, eu sei  o que eu posso com certeza esperar deles e isso é muito bom.
    Inclusive tenho uma historia boa pra te indicar, eu sou um leitor compulsivo, então conheço muitas coisas e de diversos assuntos, muitos bons livros e outras boas histórias, eu 'tava lendo uma essa semana... - Você já tem que ir? - Que pena, mas depois te falo da história. Ah e só uma dica antes de ir, observe as pessoas por mais ou menos um minuto, pelo menos, e enquanto faz isso lembre do quanto você conhece ela e das coisas que vocês nunca falaram, é algo bem legal, ai você vai começar a entender o que eu quero dizer com observar as pessoas. Bem é isso a gente se vê em breve, nesse barco ou por ai. Até logo amigo.

Breve Conselho



Escrevam, crianças

Não demonstrem medo, ante as desconfianças.

Escrevam, crianças

Contem a todos seus desejos e esperanças.

Escrevam, crianças

Deixem registradas suas lembranças.

Mostrem confiança, temperança... Formem alianças.

Sejam mais que só crianças.

Canoeiro Holmes