Seja super bem vindo!
Eis o Pescaria, grupo literário pioneiro nas terras do Araras, hoje Varjota – Ceará.
Grupo de caráter cultural, primando as Letras, denominado Pescaria, cujo objetivo é pescar indivíduos às letras e artes, ofertando-os o alimento – o peixe – da liberdade, o saber.

Venha pescar e ser pescador (a) da literatura junto da gente.

domingo, 27 de julho de 2014

Numa praça de Atenas


O louco sob no banco
eis o homem mais temido
por conter em seu grito
a fúria de todo saber
em sua vã filosofia
dialoga com a loucura
sem ninguém perceber.

O escravo mais adiante
conduz o inocente
à luz incandescente
do que se pode ver.

Hoje, em seu solo pisam
soterrando almas históricas.
Platão e sua república
A real democracia
O Liceu e a Academia
nada disso existiria
não fossem as praças de Atenas.

Um velho bêbado e louco
grita na rua deserta
ao vento, único que o cerca
a autoridade que acredita ter.

Briga, esbraveja e contesta
ordena a plenos pulmões
que lhe sirvam mais uma dose
seja lá do que for.

Quem sabe o triste homem quisesse
negar da forma que desse
o mal que o dia lhe causou.

H-ta Rios

Passa

Desafio: Pesca 29
Tema: "Pela rua..."

Passa gente,
Passa não gente,
Passa igual,
Passa diferente,

Passa rápido
Passa de vagar
Passa com atenção
Passa por passar

Passa pela sua
Passa...
Pela rua.

R.R.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Talvez seja amor

O que sinto talvez nunca senti.
Talvez ainda me surpreenda
Talvez me angustie
Talvez me anime
Me renovo e Me transforme.
Não quero explicação
Não quero resposta
Quero viver, sentir
Se levar e deixar rolar.
Por que já desacreditei
E não acreditei e me desesperei
Tradução não existe
Por que no final de tudo
Que importa é a sensação
Que se transforme.


Por Thaunney Escama
Dedicado ao grande amor de uma sonhadora

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Se soubesse...

Desafio 28ª Pesca


TEMA: Se soubesse, poderia...

Se soubesse que doeria,
Não teria,
Ou teria?
Atearia fogo,
Mesmo que me queimasse.

Se soubesse que acabaria
Não sentiria
Ou sentiria?
Sim diria,
Diria tudo o que não o disse.

Se agisse,
Se....
Valeria a pena doer
Valeria a pena sentir
Valeria a pena.

Valeria...
Pena, nunca valeu.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O Recheado vazio

Produzido na Pesca nº 28

O vazio para o romântico
não é o elemento do matemático
é mais que isso...
Ele se encontra na multidão
se cala na reunião
se banha na escuridão.
O vazio para o romântico
é percebido justo quando não se está só.
É querer o amor por entre a gente.
É querer mais sol no meio-dia.
É mais alguém em uma sala cheia vazia.

Luiz Junior
Professor de Língua Portuguesa da Escola Profissional Francisca Castro de Reriutaba - CE

Pesca nº 28

Mais uma semana, essa com certeza mágica e com muito aprendizado, produção, alegria e muita arte. Nesta 28ª Pesca em Varjota falamos sobre a obra do grande filósofo grego Platão e a sua influência para a sociedade ocidental. Fizemos um verdadeiro passeio na filosofia, história e artes, foi fantástico.

Venha nos conhecer... com certeza não irá se arrepender!
Todos os sábados 9h da manhã no Ponto de Cultura Recanto das Artes em Varjota, venha e traga quem puder...




segunda-feira, 14 de julho de 2014

A velha arte de Stalkear e o Velho Novo Mundo.

Interessante pensar nas complicações que podem acontecer na vida,  - Ah o meu velho hábito de observar as pessoas, insisto em dizer que não é algo negativo, vivem cantando por ai, ou melhor viviam, que é preciso amar uns aos outros, e isso não é possível sem saber olhar quem está do seu lado. Mas não que as musicas de hoje não falem sobre conhecer e amar quem está do seu lado, apenas é  um conhecer meio bíblico...,
Ao longo do tempo as ideias acabam sendo meio distorcidas, e vejam bem, é quase sempre possível, distorcer uma ideia! As vezes basta que alguém importante ou influente diga isso. Mas vejam só o nosso admirável mundo novo e suas complicações, Stalkear (é um termo original do inglês para perseguir, principalmente nas redes sociais) por exemplo é algo novo desse nosso mundo novo, mas é algo que sempre existiu.

 Estranho? Complicado? Por isso sempre me divirto com nosso novo mundo, ora a questão é que quando pensarmos no trabalho de um cronista, ou qualquer um que escreva sobre pessoas e o cotidiano, poderão ler nesse trabalho um perfeito relato sobre a vida de alguém, tais personagens por vezes são reais e apenas mudando poucas coisas sobre os mesmos, mas ainda são eles, e suas vidas estão expostas e muito bem detalhadas, seus momentos, por vezes de pura banalidade e por vezes de mais sincera dedicação, estão muito bem transcritos por um individuo que os observa incessantemente e ainda avaliando-os ou criando teorias sobre suas vidas ate aquele momento, pois muito bem, o que estão fazendo os cronistas nesse momento? “stalkeando”!

Tudo bem, para ser uma perseguição, ele deveria continuar com esse seu trabalho dedicado aquele individuo, mas ainda sim ele pode ser enquadrado na questão da biografia não autorizada, sim, veja só outro problema dá pós modernidade, cronistas estão realizando uma biografia não autorizada de varias pessoas! É isso é sério, chegou a passar num programa na tv... isso não se faz!  Mas deve ficar tudo bem, pois  há aqueles que adorem minutos de fama vindos da exposição, o problema é que eles também presam pela sua privacidade. Estranho? Complicado? Realmente é por isso que sempre me divirto com as ironias do novo mundo.

Muitas coisas mudaram no mundo, e ainda mudam numa velocidade interessante, muitas atitudes banais facilmente viram casos sérios, e muitas coisas sérias facilmente viram banais e depois só mais uma historia. Por vezes os valores são invertidos mas até isso virou clichê, e daqui a pouco clichê vai virar moda e depois crime, não isso seria até demais, seria como alguém ser preso por avisar que tem alguém te espionando...  sério, só a ideia sendo muito distorcida pra isso acontecer...

Canoeiro Holmes

Escritura das imagens

Produzido na Pesca nº 28

ora falo
ora vejo
ora entendo
ora entrego
      [que eu não sei]
ora leio
ora escrevo
      o que foi escrito
      sem saber
      que o que disse
      há muito tava dito

eu converso
     desprezo
me apego
e
tantas vezes mudo
do contrário ao inverso
da verdade ao mentir

a ideia de que TUDO
tem uma forma
é mudado ao tempo
que a história
se confunde o que é
e o que foi
[a mesma coisa]

afinal, melhor desenhar
as imagens escritas
tais letras desenhadas
com a mesma coisa
[ou não] a dizer

'nando Cará

Minha liberdade poética

Produzido na Pesca nº 27

pois é meus caros

hoje tal liberdade me priva
de tanta coisas...

de estar comigo
de estar com os outros
de estar
            sozinho

mas enfim poesia,
que sejas bem vinda
sem ao menos dar bom dia

afinal, sua liberdade
és solta, és grande,
és pouca

ao tamanho
                 que nem sei
                 nem qual dá

'nando Cará

Se soubesse valeria a pena

Produzido na Pesca nº 28

Se soubesse que doeria,
Não teria,
Ou teria?
Atearia fogo,
Mesmo que me queimasse.

Se soubesse que acabaria
Não sentiria
Ou sentiria?
Sim diria,
Diria tudo o que não o disse.

Se agisse,
Se....
Valeria a pena doer
Valeria a pena sentir
Valeria a pena.

Valeria...
Pena, nunca valeu.

PLÍNIO ARRUDA SAMPAIO: Luto e Petição de Relembrança Histórica como opção política e enquanto diatribe das entristecidas memórias da seleção nacional de futebol

Por Leonardo Lima Ribeiro
Professor substituto do curso de Pedagogia da UVA – Universidade Estadual Vale do Acaraú. Mestre em filosofia pela UECE – Universidade Estadual do Ceará. Currículo: http://lattes.cnpq.br/9792290555216316.

Advinda do câncer ósseo, a morte de Plínio (1930-2014) – que se decorreu no exato momento em que a seleção brasileira estava a perder o jogo de semifinal da Copa do Mundo contra a Alemanha nesta terça-feira (08/07/2014) – deveria ser à hodierna ocasião o único objeto de luto nacional, porquanto ele, Plínio, empenhou-se devidamente em vida na concreta luta contra desigualdades sociais – o que seria um absurdo caso tentássemos estabelecer qualquer homologia estrutural disto com a frívola tentativa de uma péssima seleção brasileira em ganhar seu sexto título mundial de futebol.
DEVEMOS nos demorar algum tempo na reflexão sobre o falecimento de Plínio, observando quais serão as suas implicações relativamente ao investimento nas lutas locais pelas conquistas sociais. Ou melhor, a relembrança crônica da história desse ser humano extraordinário, recém falecido, deve ser uma das pautas através das quais, pelo próprio relembrar (muito mais do que rememorar seu exílio no Chile e nos Estados Unidos ao longo de 12 anos), poderemos dar conscientemente vazão política ao que realmente precisamos, pelo menos em alguns pontos muito precisos, delicados e especiais (democracia direta, educação pública, saúde etc.).
Nesse contexto – à procura de igualdade social, justiça para todos e liberdade individual num contexto factualmente coletivo – não tenhamos medo de nos exprimir: viva ao Plínio e sua memória, e que se foda a seleção brasileira e sua derrota (que está na iminência de enlouquecidamente ser relembrada nos próximos dias enquanto espécie de catarse nacional), uma vez que não será esta última, ou mesmo quem a financia (corporações e partidos políticos que literalmente cagam na autonomia da sociedade civil), que trará melhorias para uma espessura sequer das mazelas mais patentes das quais sofremos na pele. Para agora, imediatamente, é através do luto estrito a Plínio e a revitalização da sua história em memória coletiva que é possível a garantia da consistência de gesto político verdadeiramente expressivo, por meio do qual poderemos ganhar maior força crítico-discursiva, como honesto clamor na investida em favor de um país menos desigual.
Por outro lado, clamo-te povo de pitoresco país: não chores por quem te estupra, ou mesmo pelas expressões nacionais que sustentam o próprio estupro. O “luto” pela seleção nacional é de agora em diante uma patologia, advinda e produzida como grave doença mental dificílima de não se cristalizar como cicatriz na memória coletiva, que poderá ter seus relevos cronicamente reatualizados nos dias que seguem a partir do dia de hoje (08/07/2014), repetidos viralmente enquanto incandescente sintoma de impotência ou trauma superficial, num diálogo sob a mediação da mídia brasileira. Clamo-te de novo povo de pitoresco país: não chores por quem te estupra, haja vista que nós mesmos, potenciais portadores dessa cínica doença, poderemos evoluir na perda da capacidade de observar as condições estruturais miseráveis das e nas quais vivemos, porquanto o sofrimento pela seleção nacional será a própria carícia discursiva nos contornos e arestas que representam inúmeras mazelas sociais das quais agora nos ferimos. 
Lumpém proletário é como poderíamos designar a gentalha de um país, como o diria Marx e Engels em seu Manifesto Comunista de 1848, gentalha a qual defende cegamente ou faz reverberar uma estrutura socioeconômica e cultural que é precondição da produção dos afãs de sua própria miséria. Lutar, empenhar-se da, na e pela própria miséria política e cultural, dissimulando que dessa duplicidade (política e cultural) não se faz parte. Ao longo de anos temos sido capazes de chegar a este ponto, e, agora, o expressamos da pior maneira: [a.] primeiramente sob o atributo da histérica e alegre onda nacionalista nos entornos de uma seleção “nacional” de futebol financiada por corporações internacionais (cf. a Nike, por exemplo, que enriquece com o escravagismo de mulheres e crianças nos diferentes pedaços ressonantes da Terra); [b.] de modo segundo, entristecendo-nos seja a partir da fissura imanente à coluna de Neymar – tal como se tratasse do medo da perda da costela de Adão a ser transposta para determinado corpo feminino que anunciará o prenúncio de nossos deprimentes pecados originais –, seja literalmente pela derrota dos abastados membros da seleção brasileira de futebol – o que acaba de se seguir.
Eis o que somos ao torcermos pela seleção brasileira na alegria [caso a.] e na tristeza [caso b.]: apologetas da escatologia cultural de um modelo econômico brutal o qual por seu lado nos pega por trás desavisadamente, administrando nossos afetos, através dos quais nos tornamos algozes de nós mesmos enquanto sociedade civil. Quantos de nós, agora mesmo, não estamos a ser lumpém proletários, prestando culto acompanhado de umedecidas lágrimas - em silêncio ou no ódio linguístico - à indústria do entretenimento que sofre agora sua “derrota” ao estar encarnada sob a forma de seleção nacional?
"De fato Brasil, vamos muito mal", uma vez que, em maioria popular, iremos chorar em nossos interiores ou centros urbanos pela derrota de um time de futebol como o nacional, ao invés de lamentarmos e reatualizarmos em memória a figura e os projetos de um verdadeiro agente político (Plínio Arruda) que factualmente buscou com integridade lutar, inclusive em ditadura militar, contra as clivagens absurdas que demarcam o fosso abismal dos ricos e pobres nesse país. Denegar neste momento o que representa para o país a morte de Plínio Arruda é estupidez, ou melhor, é o cúmulo, o ápice criminoso de uma vaidosa ignorância que se revela sob a emergência dissonante e majoritária do culto à “identidade nacional”, impregnada pela cultura do futebol travestido de seleção brasileira. Isso, no fundo, significa o mesmo que chorar por quem nos estupra ou, pelo menos, por quem nos impede de sentir de modo mais doloroso o próprio estupro.
Creio que através de um sórdido contexto como esses sugiro enfim que escolhamos nosso lado: a escolha deliberada por uma dentre duas opções de luto como objeto de concreta e consistente relembrança política (Plínio Arruda ou derrota da Seleção Brasileira somada à vertebra fissurada de Neymar). Através dessa escolha, quem sabe, será ao menos possível a aferição do grau de demência no qual estamos a viver, ajudando ou não a reforçar os emblemas da própria miséria da sociedade civil a que pertencemos como sendo, paradoxalmente, seus próprios inimigos. Esse talvez seja um primeiro passo imediato, de acordo com o qual poderemos compreender factualmente quem sustenta ideologicamente os muros ou as barreiras ao redor das quais se revela o impedimento de possibilidades mínimas de emancipação.

Nos estranhos extremos

Por entre o gosto amargo do luar de maio
Há uma lufada de ar morno sobre as casas
E labaredas no salão do vizinho
Tudo tão quieto... tudo em movimento!

E a garota de oito que agora dorme
Saboreia as delícias de um mundo idílico
Onde um olho saltou de repente da órbita do gigante
Tudo tão quieto... tudo em movimento!

Na loja ao lado da barbearia
Objetos animados saltam de sua aparência
E uma bomba acabou de lá explodir - bomba de brinquedo!
Tudo tão quieto... tudo em movimento!

Andando nos misteriosos bosques da vida
A paisagem já não é mais a mesma
Do silêncio brotou o barulho e o pássaro já voou para longe
Tudo em movimento...
Agora quieto.

Chris Âncora

segunda-feira, 7 de julho de 2014

O Felino e o Devir Vento

O gato opera a habilidade de com nariz apalpar umedecidos ventos, tal como se, em si mesmo, outrem estivesse a contemplar. Àquele dia, no decorrer da captura, demandava se transmutar num estranho movimento. Embrenhava-se enfim num silencioso ritual, cadenciada respiração centrada nos céus, pressentindo progressivamente que, aquilo no qual pretendia se transformar, eram disformes ares, os quais arrastavam, à ocasião, as fraternas gotas imanentes para invisível desnorte, na espessura de turbulentos e vespertinos serenos. Decerto alegria sentia, paixão de onde em recompensa o próprio terror seguia, ao irromper como estupro a virgem felicidade provisória. Com altivo gesto, experimentava a vidência do infinito morticínio, produzindo como afago o impetuoso receio de suicídio identitário. O felino então diminuiu a potência do mergulho no onírico alter ego, e, aos prantos, sua espécie intentou reencontrar, para, além das carícias de áspera língua, um segredo lhe revelar.

Guajupiá EmTerr'Afogado

27ª Pesca

Na manhã deste sábado, 5 de julho de 2014, o Grupo Literário Pescaria teve a honra de receber a visita na sede do Ponto de Cultura Recanto das Artes em Varjota da pescadora correspondente de Fortaleza, Anna Lua e do professor de Língua Portuguesa, Luiz Junior e alunos da Escola Profissional Francisca Castro de Reriutaba - CE, onde apresentamos aos mesmos, todo o nosso programa de atuação, objetivos e nossa forma de atuação, já que o grupo literário Pescaria foi escolhido para ser estudado pelos alunos do 3º ano do Ensino Médio que produzirão um trabalho que será apresentado na Feira de Ciências da escola, ainda este mês de julho.
Desde já agradecemos a presença da nossa querida Anna Lua por ter somado tanto conosco neste fim de semana e ao professor Luiz Junior, alunos e a escola Profissional Francisca Castro de Reriutaba.