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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Formas poéticas - Parte 1

Na Pesca de nº 13, realizada no dia 8 de fevereiro deste ano [2014], debatemos sobre formas fixas poéticas e a poesia contemporânea, por conta do assunto ser longo, dividiremos ele em alguns posts. Assim esse post pode ser um pouco cansativo, por conta de ser bem conceitual, embora importante para nosso conhecimento, enquanto leitor e principalmente, como autor.

Trova ou redondilha

É um poema com apenas uma estrofe de com quatro versos heptassílabos, sem título, com sentido completo, necessitando de rimas seja ABAB ou AABB.

O acerto, sim, amedronta,
mas creio que estamos quites:
Para os meus erros sem conta
Deus tem perdão sem limites.

Pedro Ornellas

Obs.: A trova se difere da quadra por conta desta não exigir a métrica, rima ou sentido, mas apenas a necessidade de possuir uma estrofe de 4 versos.

Soneto

É uma das formas poéticas mais convencionais, formada por 14 versos, podendo apresentar algumas variações.
O mais conhecido é o italiano, composta de 2 quartetos e 2 tercetos, onde as rimas nos quartetos tendem a ser distintas dos tercetos. Os outros são, o inglês formado por 3 quartetos e 1 dístico, necessitando obedecer ao esquema de rimas: abab, cdcd, efef, gg e por último, o soneto spenserista, que muda só a sequência de rimas: abab, bcbc, cdcd, ee, embora pouco difundidos.

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Camões

Rondel

É um gênero de poesia francesa. Formado por duas estrofes de quatro versos e uma de cinco versos, nesta mesma ordem. Pela maneira que é estruturado, o Rondel irá sempre ter apenas duas rimas,  do tipo: ABAB, BAAB, ABAB.
Como peculiaridades há que os dois primeiros versos da primeira quadra vão ser os dois últimos versos da segunda quadra e que o primeiro verso da primeira quadra será o último verso do poema, não havendo porém preocupação quanto a métrica.

ARREPENDIMENTO

Chama intensa de amor que ainda arde
Num coração sem repostas finitas
Bate, descomposto, fazendo alarde
Nas tormentosas nuvens que habitas

Tu não sabes das alegrias benditas
Nem queres entender, esta verdade:
Chama intensa de amor que ainda arde
Num coração sem repostas finitas

Para teres tanta dor,fui covarde
Que te fiz?Foram ações malditas?
Abandonei-te! Querida, será tarde?
Teu jeito mulher, em mim, incitas
Chama intensa de amor que ainda arde

Denise Severgnini

Rondó

Poema formado de treze versos distribuídos em três estrofes, sendo duas quadras seguidas de uma quintilha. Dessa forma, constatamos que os dois primeiros versos da primeira quadra se repetem no final da segunda, e o primeiro verso da quadra inicial se repete no fecho da quintilha, materializando-se da seguinte forma: ABab, abAB, abbaA. As letras maiúsculas representam os versos que são repetidos como estribilho. Não há exigência nem quanto a métrica ou rima.

RONDÓ DOS CAVALINHOS

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Tua beleza, Esmeralda,
Acabou me enlouquecendo.

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O sol tão claro lá fora
E em minhalma — anoitecendo!

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Alfonso Reys partindo,
E tanta gente ficando...

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
A Europa se avacalhando...

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda,
E em minh'alma — anoitecendo!

Manuel Bandeira


Referências:
Poemas de Forma Fixa <http://www.portugues.com.br/literatura/poemas-forma-fixa.html>, visto em 20/02/2014, às 18h03;
Curso de Literatura de Língua Portuguesa. Ulisses Infante, 1997.

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