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quinta-feira, 20 de março de 2014

Escritores Malditos

Amigos, nós discutimos, criamos e descobrimos literatura. O blog vem sendo alimentado com os assuntos propostos dos nossos encontros. O conteúdo desta pesca foi escritores malditos, o termo talvez cause estranheza, porém talento não falta. Mal compreendidos ora injustiçados ora mesmo desconhecidos em seu tempo, viemos aqui expor um pouco desse assunto tão amplo. (Desculpem a demora pela matéria, somos universitários e nosso período de aulas voltou, mas faremos o possível para sempre temos algo novo a vocês)

Poetas Malditos

A expressão foi ampliada para escritores, mas primeiramente veio Poetas malditos, escritores do romantismo se referindo a François Villon (1431, 1474) - além de ser poeta, era também considerado boêmio e ladrão – foi pela primeira vez utilizada. Porém a popularização do termo veio no fim XIX com uma obra de Paul Verlaine, "Les poètes maudits"- Os poetas malditos - uma série de artigos de 1884-1888, que se referia a escritores como Tristan Corbière, Rimbaud e Mallarmé. 

Mas afinal o que viria a ser um escritor maldito?
 
Escritores malditos podem ser compreendidos como aqueles que tiveram suas obras censuradas ou/e que seus estilos de vida não condisseram com o padrão social de suas épocas, tendo tais obras também incorporado muito de seus cotidianos, falo de: embriaguêses, abuso de drogas, sexo escancarado/orgias. Anexando ao tema, soma-se aos escritores malditos os que atuaram/atuam de uma maneira independente, longe de editoras e jornais, e também aqueles que tiveram um reconhecimento póstumo.

Movimentos

Antes de abrirmos o leque e falarmos propriamente dos escritores, ao estudar o tema nos deparamos como dois movimentos ostentadores de Maldição: a Geração Beat e a Geração Mimeógrafo. Obedecendo a cronologia: 
          A Geração Beat ocorreu da metade da década de 1940 até o final da década de 1950, nos EUA. Temos um mundo se recuperando da Segunda Guerra Mundial, A Guerra Fria, com o mundo bipolarizado, e uma sociedade americana consumista, avessos a isso, intelectuais americanos - escritores e poetas - se reuniam para viajar, usar drogas, escutarem música -Principalmente Jazz, gênero influenciador nos beats -, escreverem e promoverem orgias. Além do jazz com influência, eles buscavam expansão e elevação do espírito, e muitos adotaram ideias do budismo, usando, para tanto, inúmeras drogas, gerando também uma forte característica surrealista na poesia. Na prosa, aparece um estilo de escrita espontâneo, visto muito bem em On the Road de Jack Kerouac, obra mais famosa do movimento e um dos clássicos americanos. Alguns outros escritores do movimento e suas obras foram: Allen Ginsberg – Howl, 1956; J William Burroughs –The Naked Lunch, 1959; Gregory Corso – "Marriege" (1960). Os beats viriam influenciar posteriormente o movimento Hippie.
           A Geração Mimeógrafo ocorreu no Brasil durante a década de 1970, logo após o tropicalismo, num período marcado pelo regime militar. O movimento envolveu diferentes vertentes da arte, como, teatro, música, mas foi a literatura a maior representante – inclusive ficou conhecida como poesia marginal. O nome do movimento vem da tecnologia aplicada, como os autores, de acordo com a própria expressão, à margem de uma produção formal, editoras, e também com a própria censura estabelecida pelo regime político da época, de uma maneira independente reproduziam seus textos com mimeógrafos e os distribuíam ou vendiam em portas de teatros, cinemas, livrarias. Apenas em 1975 uma editora, Brasiliense, publicou o material de alguns poetas marginais, no livro 26 poetas hoje, entre esses escritores: Torquato Neto , Ana Cristina Cesar, Antônio Carlos de Brito (Cacaso).   

Escritores Malditos

          Abordamos vários escritores durante nossas pescas, não nos aprofundamos muito devido amplitude do tema, então conheça um pouco de cada um, que a curiosidade vos levem de pleno a eles.
          Friedrich Nietzsche: Referenciado por muitos e odiado também, Nietzsche teve seu sucesso póstumo, enquanto vivo teve seus livros estagnados em livrarias. Considerado um divisor na filosofia, abordou entre suas temáticas: crítica à razão e ao cristianismo, valorização do indivíduo. De uma escrita de difícil compreensão, tinha na sua estilística metáforas, aforismos e uma pesada carga poética. Em 1888, aos 44 anos teve um colapso mental e acabou morrendo em 1900 aos cuidados de sua irmã. Entres seus livros mais conhecidos: Assim Falou Zaratustra - um livro para todos e para ninguém; O Anticristo.   
          Charles Bukowski: Alemão, mas criado em Los Angeles, teve uma infância problemática devido sua relação com o pai e um grave tipo de acne, o que o constrangia. Foi contista, poeta, romancista e também assinou roteiros para filmes, teve reconhecimento ainda em vida. Sua escrita tinha um grande caráter biográfico e estilo simples, relatando amores baratos, embriaguêses, uma vida avessa ao american dream, carregado de solidão e indiferença. No último dia 9 de março completaram-se 20 anos de morte do nosso Velho Safado, que morreu aos 73 anos de leucemia.
         Nelson Rodrigues: nosso anjo pornográfico, nascido em Pernambuco 1912. Jornalista, dramaturgo, cronista, contista, romancista. Trabalhou durante anos como repórter policial, adquirindo vasta experiência para incorporar em sua obra. Nelson como dramaturgo foi quem inovou o teatro brasileiro, dando singularidade a ele, temos como marco a peça Vestido de Noiva de 1943. Foi cronista esportivo, apaixonado pelo Fluminense, Nelson Rodrigues foi grande responsável pela popularização do FLAxFLU. Sua obra é fortemente caracterizada pelo erotismo, abordando assuntos polêmicos como traição e incesto, por isso teve muitas de suas peças censuradas pelo governo militar. Chegou a assinar com o pseudônimo Suzana Flag na publicação chamada O jornal, numa coluna chamada meu destino é pecar, com grande aceitação, em 1944.  Já no jornal A última hora, assinou, com próprio nome, a coluna A vida como ela é, crônicas escritas na década de 1950, que mais tarde viria a ser tornar uma série televisiva na Rede Globo devido ao sucesso. Morreu em 1980 com complicações cardíacas e respiratórias.
           Falamos também de Henry Miller e sua obra Trópico de Câncer, Franz Kafka e seu sucesso póstumo, Oscar Wilde e seu Retrato de Dorian Gray que foi utilizado com prova num processo do qual foi acusado, Paulo Leminski e a poesia marginal, Rimbaud e seu caso amoroso com Verlaine. A matéria poderia se prolongar muito mais, porém que fique como isca a sua curiosidade os apenas citados.

            E o que os pescadores concluem? 

O termo Malditos hoje é mais utilizado para caracterizar uma estilística e independência do que propriamente uma conduta. Vivemos uma época de ampla expressão e de tentativa da quebra de preconceitos, e esse tipo de autores não são tão mais descriminados ou censurados quanto já foram um dia. e a proibição sempre foi uma propaganda.

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