Minha opinião (sobre política)

O pino do relógio parou quando o sol estava a pino.
No boteco, aquela cerveja gelada, bons amigos e bom papo.
Na conversa, cada um e cada qual são expert em tudo.
São tantos assuntos, que me obrigo a expressar apenas uns, porém, os que são corriqueiros.
Mulher, carnaval, futebol, e claro, política.
O garanhão diz que mulher é aquela que se sujeita à sua pegada.
O folião diz que bebeu tanto, acredita que se divertiu, mas esqueceu a namorada, não sabe onde, nem com quem.
O perna-de-pau comenta o golaço que fez, mas ninguém viu.
O eleitor diz que votou, não sabe em quem.
Critica o sistema, do qual ele é mentor.
Reclama que tudo tava mal e piorou.
Repete o erro sem nenhum pudor.
Daí passa uma morena, e ele diz: senhor!
O outro retruca: ­- É aquela que tava sambando de mini-saia.
Daí chega o outro e diz: ­- Liga a TV que o jogo começou.
E todos avistam de longe: - Senador! Não. Deputado! Também não.
-Vereadorrr! Brinde-nos com mais esta rodada de cerveja.
-É pra já, sim senhor.
E de todos os assuntos que na mesa passou, já são frutos do passado, nada restou.
O garanhão, quem pegou.
A mulata que sambou.
O perna-de-pau fez um gol.
E depois de tanta cerveja e conversa, a conta quem pagou?
No mundo onde reinam as paixões, isso é o que importa.
A conta é de quem?
Não diga nada, não é da sua conta.
É por isso que em mesa de bar, com sol a pino, sobre política, não opino.

Corvina do Araras