Seja super bem vindo!
Eis o Pescaria, grupo literário pioneiro nas terras do Araras, hoje Varjota – Ceará.
Grupo de caráter cultural, primando as Letras, denominado Pescaria, cujo objetivo é pescar indivíduos às letras e artes, ofertando-os o alimento – o peixe – da liberdade, o saber.

Venha pescar e ser pescador (a) da literatura junto da gente.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Gole na cabaça

NÃO INDICADO À MENORES DE 16 ANOS...hehe
Produzido no desafio literário da Pesca nº 8

Na tarde deserta
Do meu querido interior 
Estava eu a me lamentar 
Com uma casa rica farta 
Sem ter ninguém por perto 
Para se quer frescar

Na brisa que me vinha 
Eis que me bate a porta 
Uma moça com uma cabaça 
De início pediu água 
Mas pra ela o que ofereci 
Foi uma boa cachaça

Ela olhou assustada 
Com um ar de espanto 
Dizendo que estava aperreada 
Falando que o radiador estava com fumaça 
E que pro encontro estava atrasada

Moça nunca bela tinha visto ainda 
Com um vestido púrpura e as pernas a amostrar 
Mal sabia ela 
A enorme vontade 
Que estava de apertar

Porém sempre fui prestativo 
E com o coração bondoso 
Sempre gostei de ajudar 
Logo fui buscar a água pedida 
Pra ver se assim 
Ela ia se acalmar

Fui pra dentro de casa 
Me contorcendo todo 
e com um pensamento na cabeça 
Olhando para calça 
E dizendo: 
Desça,Desça, Desça..

Quando voltei ao alpendre 
Infelizmente o volume permaneceu 
E meu pedido não sucedeu 
Ela olhou assustada 
Me olhando e perguntado 
Se alguma coisa aconteceu

Eu olhei envergonhado 
Me segurando muito
E querendo falar besteira 
Entreguei pra ela a água 
E continuei falando pra ela 
Que na minha mente tinha muita sujeira 
Ela encarecidamente me pediu pra ela acompanhar 
Pra eu ficar sinalizando na estrada 
Pra assim a água ela poder jogar 
Mas enquanto ela se curvava 
E a bunda empinava 
Meus olhos se distraiam 
E o volume na calça só aumentava

As vezes ela olhava 
E me perguntava 
Se algum veículo eu estava avistando 
Eu besteado 
Nem raciocinava 
E pedia pra água ela continuar jogando

Do lado da cerca 
Me olhavam enciumada uma égua 
E do outro uma cabra 
E a moça do vestido perguntava 
O motivo de bichos com tanta tristeza 
E eu dizia que elas queriam que a cerca eu abra

Mal sabia a moça 
Que se porventura 
Se elas eu fosse soltar 
Elas a moça atacaria 
E que se elas pudessem falar 
Diriam que eu já tinha donas 
E que ela fosse procurar seu lugar

Ou então partiram 
Pra cima de mim 
Querendo me matar 
Tá cansado da comida de casa cabra safado 
Querendo fora encontrar

Neste meio tempo de pensamento 
Ela concertou o carro
 E se foi a me agradecer 
E eu fiquei só na vontade 
Pra eu um vento forte desse 
Ou do vestido dela eu descer

Enfim o jeito que tem 
É ficar com o pitar do fumo, 
Me contentar com a solidão 
E com as cabrinhas e éguas a me socorrerem 
E me embelezar e não me cansar 
Do belo luar do meu sertão.

Nelson Tarrafa

Nenhum comentário:

Postar um comentário