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Eis o Pescaria, grupo literário pioneiro nas terras do Araras, hoje Varjota – Ceará.
Grupo de caráter cultural, primando as Letras, denominado Pescaria, cujo objetivo é pescar indivíduos às letras e artes, ofertando-os o alimento – o peixe – da liberdade, o saber.

Venha pescar e ser pescador (a) da literatura junto da gente.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Padaria Espiritual

Como já rotina no Pescaria, semanalmente escolhemos um tema a ser estudado. Na 9° Pesca tivemos como tema norteador, o movimento literário cearense denominado Padaria espiritual, que foi o principal movimento inspirador para o surgimento deste grupo literário, o Pescaria.

O que foi a Padaria?
Os Padeiros (Foto: laprovitera.blogspot.com)
A Padaria Espiritual foi um movimento literário cearense originado em Fortaleza no ano de 1892, tendo como grande idealizador do seu programa de instalação – documento que regeu todo o grupo -, o escritor, Antônio Sales. Foi no Café Java localizado na Praça do Ferreira no centro da capital, onde muitos escritores e intelectuais da cidade se encontravam todos os dias da semana a fim de conversarem sobre livros, artes, literatura enquanto admiravam as moças que passavam.

Características:
Ao seguir das fornadas (reuniões) começam a produzir obras, essas que montaram o jornal O Pão, que ao longo dos 6 anos de Padaria (1892-1898), possuiu 36 edições. As obras eram vastas, desde versos até prosa, com contos e crônicas. As obras possuíam em grande parte o aspecto irônico e satírico à literatura e à sociedade da época, extremamente influenciada pela cultura francesa. Tais características são temas centrais da proposta modernista anunciada em 1922, na Semana de Arte Moderna em São Paulo.

Curiosidades:
Café Java (Foto: cearaemfotos.blogspot.com)
O estatuto ou programa de instalação, formado por 48 artigos, proposto por Antônio Sales que regeu o movimento trazia com muito humor as nuances do que deveria ser o Padaria. Era um movimento restrito aos homens, tendo em vista que as reuniões aconteciam a noite, o que impedia a participação das mulheres segundo os padrões da época. Cada membro tinha um nome de guerra único como por exemplo: Antônio Sales, era Moacir Jurema, O Henrique Jorge, era Sarasate Mirim; Adolfo Caminha, era Felix Guanabarino; Antônio Bezerra era André Carnaúba...
Questionavam com muito humor os padrões da época. A política e a sociedade usando (sátiras) e quadras do cancioneiro popular. Tinham como inimigos o clero, devido grande parte ter preceitos maçônicos, a polícia e os alfaiates, pelo simples motivo de não existir nenhum em Fortaleza, e na necessidade de um confecção de um traje, a obrigatoriedade de deslocamento até Recife.
Algumas terminologias do grupo, como as fornadas, que eram as reuniões; o padeiro-Mor, que era o presidente; o forneiro, o secretário; o gaveta, o tesoureiro; o guarda-livros, o bibliotecário e tinha ainda o Olho da Providencia que era uma espécie de investigador das coisas e das gentes, o sócios eram os amassadores e os membros, os padeiros.

O que os Pescadores dizem?
Pra gente, membros do Pescaria e principalmente pelo fato de sermos cearenses, só em poder ter existido tal movimento em nossas terras já é um motivo de orgulho sem precedentes.
A Padaria sem dúvidas é um dos movimentos mais originais, se não o mais original da história dos movimentos literários do Brasil, afinal, trouxe, até que sem querer, preceitos modernos à literatura nacional 30 anos antes do considerado Marco Inicial do Modernismo no Brasil, a Semana de 22. Foi um movimento de crítica à literatura "antiga" e "estrangeirista", munindo-se disso, principalmente do registro à literatura popular, com a publicação de ditos populares versados.
Apesar de toda a originalidade, nota-se a desvalorização de tal movimento, que não é estudado da forma que merece, tanto em meios acadêmicos, como em escolas. Assim deixamos tal sugestão à educadores, estudiosos e ao público leitor em geral que conheçam a Padaria, àquela que no século XIX, assou e distribuiu o Pão do Espírito, a Arte e com grande orgulho, assumimos a influência que este movimento mágico nos deu para criar o Pescaria.

Referências:
1. Fiúza, Regina Pamplona. O Pão...da Padaria Espiritual. Ed. Expressão. Fortaleza, 2011.
2. Ribeiro Junior, José Carlos da Costa. Versos. Coordenação Regina Pamplona Fiúza. Ed. Expressão. Fortaleza, 2011.
3. Acioli, Socorro. É pra ler ou pra comer?: a história da Padaria Espiritual do Ceará para crianças. Ilustrações Daniel Diaz. 2ª Reimp. Ed. Demócrito Rocha, 2006.
4. Felipe Barroso. A Padaria Espiritual. Visto em <http://www.youtube.com/watch?v=YeHCx5G4c54 >

Um comentário:

  1. Eis o link de documentário recente sobre a Padaria, cuja direção é de Felipe Barroso (professor dos cursos de comunicação social e de direito da Unifor):
    http://www.youtube.com/watch?v=YeHCx5G4c54

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